quarta-feira, 10 de março de 2010

Ana Carolina: “Perdi a minha inocência neste mundo da música”


Em apenas dez anos sagrou-se uma das mais respeitadas cantoras do Brasil. Para comemorar a data está aí um novo CD/DVD.

- A Ana Carolina está a cumprir dez anos de uma carreira notável num mercado difícil como o brasileiro. Está surpreendida com o que conseguiu?

- Este percurso teve os seus altos e baixos. Tenho os meus arrependimentos. Acertei em algumas coisas e falhei noutras. Neste mundo da música perdi a minha inocência, ganhei amigos e aprendi a lidar com o ‘bussiness', uma coisa muito chata que não tem nada a ver com música. Mas o que me deixa orgulhosa é que tudo o que consegui foi trabalhando. Eu sou da linhagem do trabalho, uma coisa que herdei da minha mãe. Para mim é impensável viver sem suar a camisa.

- Mas do que é que se arrepende em concreto?

- Arrependo-me de algumas canções que fiz e que gostava de ter gravado de maneira diferente. Há outras que acho que hoje nem gravaria (risos). Acho também que em determinadas alturas da minha carreira me deveria ter recolhido mais.

- A Ana Carolina já gravou parcerias com alguns dos melhores artistas brasileiros e internacionais. Este novo DVD, por exemplo, traz duetos com Speranza Spalding e John Legend. Com quem é que ainda não cantou que gostaria de ter cantado?

- Com o Frank Sinatra, mas infelizmente essa vai ser impossível (risos).

- Como é que foi este encontro com o John Legend?

- Quando resolvi fazer este DVD para celebrar os dez anos de carreira disse para mim mesma que só iria cantar com as pessoas com quem tivesse vontade, não só os meus amigos, mas também os meus ídolos. Eu sou fã do John Legend e há muito tempo que eu tinha vontade de fazer este dueto.

- Mas como é que chegou a ele?

- Enviei-lhe um e-mail a dizer que era uma cantora brasileira e que tinha uma canção que gostava muito que ele cantasse comigo. A coisa correu melhor do que eu esperava (risos). Ele não só aceitou cantar como ainda veio até ao Brasil. Depois eu fui are Atlanta também é fizemos uma grande amizade. Fiquei mesmo muito contente com esta parceria.

- As suas canções falam muito de relações amorosas. As experiências de amor e a chamada ‘dor de corno' são sempre bons motivos para escrever?

- Eu não conheço nenhum cantor que não tenha tido dificuldades no amor. As canções de amor tem esta particularidade de poder falar ao homem e à mulher comum. Por isso as canções de amor acabam por dar voz a sentimentos que a maioria das pessoas não consegue exprimir.

- Mas estas suas canções de amor são autobiográficas?

- Umas sim, outras não. Há canções que reflectem muitas das minhas experiências.

- Considera-se hoje uma artista de culto no Brasil?

- Não sei. Eu acho que sou uma artista reconhecida de várias maneiras, não só pelas pessoas que efectivamente seguem o meu trabalho, mas também por aquelas que vão tomando contacto com as minhas canções através das novelas, exemplo, e que sabem quem eu sou. E isso é algo que me deixa muito feliz, porque eu sinto que há canções minhas que ocupam o espaço na vida das pessoas porque também falam da vida delas. Há pessoas que discutem as minhas músicas em blogs e twitters.

- Dez anos depois o que é que ainda existe daquela menina de 16 anos começou a tocar em bares?

- Mudou muita coisa, mas há uma coisa que persiste: a vontade de trabalhar. Eu adoro o suor do trabalho (risos).

- Que memórias guarda desse período dos bares?

- Lembro-me que no inicio não ganhava nada. Tocava só para aprender e para me aperfeiçoar. Aos 16 anos comecei num bar onde toquei durante três meses e ganhei um público fiel. Um dia o bar ao lado chamou-me para fazer um espectáculo e, curiosamente, eu acabei por levar atrás de mim o público do outro bar (risos). Foi a primeira grande sensação que a música me deu. Mas também cheguei a tocar para bares vazios ou cheios de bêbados.

- É verdade que em criança já cantava no salão de cabeleireiro da sua mãe?

- É (risos). Aos cinco anos anos subia num banquinho e cantava para as pessoas que estavam no salão. Pegava num rolo de cabelo e fingia que era o microfone. Acho que foi ai que comecei a ganhar o meu carisma (risos).

- No ano passado falou que gostava de passar pela experiência do casamento. Ainda pensa nisso?

- Penso, claro. Acho que lindo o casamento de igreja com véu e grinalda. Penso muito nisso, mas não é uma obsessão.

- E já tem com quem casar?

- (risos). Não ainda não encontrei ninguém que me faça sentir a vontade de casar.

- Bissexual assumida a Ana costuma dizer que não gosta da simplicidade dos homens e que gosta da complexidade das mulheres. Neste momento está a viver uma fase simples ou complicada da sua vida?

- Neste momento estou sem sombra de dúvida numa fase complicada, mas estou muito feliz.

- Acredito que já tenha perdidas a conta às vezes que veio a Lisboa. O que é que mais a atrai por cá?

- Gosto muito da cidade, adoro o Chiado e ir á livraria Bertrand. Adoro os pasteis de Belém e Sintra.

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